segunda-feira, 12 de setembro de 2011



Ele me liga, penso rápido se atendo ou faço media só para vê-lo ligar outra vez. Mais uma vez ele liga. Atendo o telefone congelada, trêmula, estupefata. Qualquer que fosse se pedido, a resposta seria: Não! Mas seria um “não” delicado, com charme, só para vê-lo pedir mais uma vez. E no dia seguinte já queria me ver. Falei que no outro dia seria mais adequado.
Eu já estava apaixonada. Quando escutava sua voz, meu coração desobedecia qualquer ordem de compasso e batia descontrolado, totalmente descompassado.
Eu amava tanto aquele garoto que não queria mais amá-lo. Dei foras e furos. Afastava-o de mim como quem foge de um leão no meio da selva. Queria tê-lo para mim, mas não conseguia domar aquele amor bagunçado que eu sentia.
Desliguei telefone por vários dias. Cortei contato. Comecei uma preparação psicológica para poder vê-lo. Fiz um treinamento intensivo e eduquei meu amor. Com o amor domesticado podia vê-lo quando quisesse. Agora sim.
Fiquei tão nervosa. Um nervosismo que me embriagava. Ele me falou que vinha às sete. Fiquei linda das sete às oito. As nove o rímel já escorria pelo rosto. Das nove as dez já estava de porre. Não queria mais ficar lúcida. TO-MEI TO-DAS! As onze parei na rua, fechei os olhos por alguns minutos e senti o perfume dele. Abri os olhos devagar e o vi chegando com seu carro popular, tocando uma música que se encaixa na minha lista de favoritas. Como assim? Será que sabia que eu gostava tanto daquela música? E essas coincidências me deixavam ainda mais entorpecida. E eu via claramente no verde de seus olhos que ele também estava encantado. Mas, negava. Fazia parte do seu jogo não demonstrar tanto afeto.
Ele sentou ao meu lado, segurou minha mão, me fez ri. Contou-me sobre seu dia e falou que sentiu saudades. Continuei sentada ao seu lado, segurando a sua mão para que ele não escapasse de mim. Achei graça nas histórias que me contou sobre seu dia, enquanto meus olhos gritavam que também senti saudades. Que sinto o tempo todo.
Levantou-se, puxou-me para si. Acolheu-me em seus braços e eu encolhi-me em seu abraço. Fico presa nele. Sem soltá-lo. Sinto vontade de proteção.
Rimos juntos. Falamos sério juntos. Brincamos. Discordamos e concordamos juntos. Conversamos sobre o tempo, pessoas e lugares. Sua inteligência afeta a minha. Fico calada de vez em quando para não borrar nada. Para não manchar o momento que vai indo tão lindo. E vai indo, indo, indo de vento em poupa. Quer saber? Vou beijá-lo! Fico na pontinha do pé. Ele brinca, ficando mais alto que eu. Essa brincadeira feriu meu caráter. Parei o momento e pensei: “Meu Deus, ele é tão inatingível”... Mal conclui meu pensamento e ele me surpreendeu com um beijo, no bom do bom, fui cruel e inconsequente cortando seu beijo pela metade. Não queria que ele me beijasse, ora! Eu queria beijá-lo e ALCANÇA-LO. Será que não percebia essa coisa tão simples?
No decorrer das horas consegui tê-lo para mim (do meu jeito) diversas vezes. E tudo foi ficando mais divertido. Mais sério. Mais completo. Mais excitante. Mais fofo. Mais mágico. Mais diferente. Mais único.
O grave da sua voz me chamava de linda, o agudo da sua respiração no meu pescoço me chamava por inteiro.
Um beijo completa um carinho, que completa uma carência, que completa um afeto, que completa ele, que me completa, que completa uma noite, que tem completado o meu sentimento.
Talvez ele seja só para distrair os meus dias. Talvez seja a distração de uma vida inteira. Não sei. E continuo não sabendo.

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